VACINA

É possível ser favorável à vacinação em massa, ser um entusiasta das vacinas e, ao mesmo tempo, ser contra a vacinação obrigatória, ser contra o uso da força para coagir pessoas a fazer algo em relação ao qual elas não estão se sentindo seguras.

É possível estar ansioso para ver prontas pra uso vacinas desenvolvidas e produzidas com rigor científico em países democráticos e, ao mesmo tempo, ser cauteloso em relação à vacinas feitas às pressas e sem transparência por governos de ditaduras sinistras.

Já transformamos uma pandemia numa briga político ideológica em que a razão tem sido a maior perdedora. Seria bom não transformarmos a vacina nisso também.

Respeito à liberdade alheia, responsabilidade no trato com a vida das pessoas e relações humanas baseadas no consentimento são sempre bem vindas, especialmente de quem tem cargos de liderança e gestão pública.

One thought on “VACINA

  1. Em diversas áreas do direito parece haver o entendimento de que o direito individual não se sobrepõe ao coletivo quando este primeiro prejudica o segundo. Esta questão de uso de máscara, vacina, enfim, comportamentos na pandemia vejo que é semelhante a questão da lei seca, por exemplo. Por quê pessoas ”precisam” morrer em um acidente de trânsito causado por outras pessoas que se sentiram no direito de dirigirem bêbadas? Se querem acabar com suas vidas, não envolvam outras. Eu concordo com esta visão do direito que citei no início.

    1. Essa discussão de direitos individuais x coletivos é interessante. E não é nada simples. Vejamos com exemplos. Uma pessoa resolve construir uma fábrica no centro da cidade que joga fumaça sem filtro no ar. É fácil ver que o direito coletivo de respirar se sobrepõe ao direito individual de empreender. O dano é imediato e mensurável, bem objetivo. Dificilmente alguém vai defender esse indivíduo. Outro exemplo, um grupo militante afirma que comer carne vermelha faz mal à saúde, pessoas que não comem carne vermelha são mais felizes e colaborativas e, portanto, carne vermelha deve ser proibida. A conexão entre a proibição e o bem coletivo é altamente subjetiva, dependendo da opinião de quem afirma. Poucas pessoas vão defender a supressão da liberdade individual nesse caso. Se olharmos outros casos concretos, vamos ver que alguns se aproximam do polo objetivo, outros do polo subjetivo e outros ficam no meio do caminho. É aí que complica. A decisão sobre o que é mais importante fica a critério da subjetividade de quem tá no poder. E aí se abre caminho pra toda sorte de arbitrariedade em nome do suposto bem comum. Na minha opinião, o interesse coletivo só deve se sobrepor ao individual em casos em que é fácil ver que o dano coletivo é concreto e imediato.

    2. No caso das vacinas, o que precisamos é de uma cobertura vacinal alta, em torno de 95%, salvo engano meu. Me parece que campanhas de esclarecimento e convencimento são mais promissoras pra conseguir isso pra covid do que polemizar em torno da obrigatoriedade ou chamar quem tá em dúvida de antivaxx terranplanista, como tem muita gente fazendo.

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