PELA LIBERDADE DE EXPRESSÃO!

Uma pesquisa divulgada hoje, 18-Jun-2020, pelo DataSenado (Instituto de Pesquisas do Senado Federal), afirma que 84% dos brasileiros são favoráveis à criação de uma lei de combate às fake news. A pesquisa tem lá sua margem de erro. Mas, não duvido desse número. Muita gente é influenciável por campanhas massivas de mídia. Por isso, me sinto na obrigação de fazer um apelo aqui pra minha bolha de contatos. Se você está entre esses 84%, reflita um pouco mais sobre isso. Não existe controle de notícias falsas. Existe controle de notícias. Se for dado a alguma instituição o poder de determinar o que é notícia, as pessoas que a compuserem irão inevitavelmente barrar notícias que lhes incomodem e deixar passar notícias que ratifiquem suas crenças, desejos e interesses. Não farão isso porque são más, desonestas ou incompetentes. Farão isso porque são humanas. É da natureza humana olhar com mais boa vontade o que nos agrada e com um viés mais crítico o que vai contra nossos valores e crenças. É da natureza humana julgar com mais rigor os desafetos e ser mais leniente com os amigos. Quem nunca criticou duramente uma pessoa de que não gostava e, depois de conhecer melhor a pessoa e fazer amizade com ela, passou a ver seus defeitos como maus menores, que atire a primeira pedra. Algumas notícias falsas podem ser fáceis de identificar, mas, na maioria das vezes, a separação entre o que é falsidade e o que é opinião é sutil, é subjetiva, e é por isso que tal análise tem de ficar a cargo de cada espectador, não de uma autoridade supostamente mais iluminada. O nosso país já dispõe de uma variedade de leis e institutos legais que permitem a correção de eventuais excessos de liberdade de expressão. Quem se sentir prejudicado pode procurar a justiça. Não há necessidade de mais lei nessa área. Qualquer lei que seja criada com intuito de evitar notícias falsas, mesmo que com as melhores intenções, será fatalmente usada pelas autoridades de plantão para calar adversários. Sei que é tentador buscar maneiras de calar quem diz coisas que achamos desprezíveis, especialmente quando essas pessoas estão no governo. Mas, lembrem-se, governos passam, quatro anos é um pulinho em termos de história. Já liberdades perdidas são difíceis de se reconquistar. A liberdade de expressão em nosso país é uma conquista recente e que custou muita luta. Não deixemos que ela se perca tão rápido. Não aceitemos tão fácil a volta da censura.

MAIORIAS SILENCIOSAS E MINORIAS BARULHENTAS

Você faz um post numa rede social. 30 pessoas curtem. 10 comentam. Das 10 que comentam, oito criticam. Três fazem mais de um comentário criticando. Duas fazem comentários ofensivos. Você responde aos comentários críticos defendendo seus pontos de vistas. Quem comentou responde. A conversa rende vários comentários. Depois de tempo e energia gastos defendendo seu ponto de vista perante gente que, não só defende veementemente pontos de vista diferentes, mas, são as vezes agressivas e intolerantes, você pensa: Deixa quieto. Vou parar de me manifestar, cuidar da minha vida, ficar no meu canto. Certo? Pense de novo. 30 pessoas apreciaram sua expressão. Oito se incomodaram. Formou-se uma maioria silenciosa e uma minoria barulhenta. É disso que se trata esse post. Muitas vezes damos muita atenção a minorias barulhentas enquanto maiorias silenciosas passam desapercebidas. E assim acabamos sendo guiados por minorias em rumos que vão contra o interesse e o bem estar de quase todo mundo.

Isso não acontece apenas nas redes sociais. Acontece em várias situações públicas e privadas. Quantas vezes não sacrificamos os interesses de um grupo inteiro por causa de uma pessoa que dá chilique?

Outro efeito importante desse fenômeno acontece na política. A opinião da maioria silenciosa é ouvida apenas uma vez a cada quatro anos, quando vamos às urnas. Já as minorias barulhentas interferem nos rumos da gestão pública continuadamente.

Precisamos pensar sobre isso. Precisamos prestar mais atenção nas maiorias silenciosas. Provocá-las a se manifestarem, respeitando seu tempo limitado, afinal, elas tem muito que fazer, mas, sem deixar que passem desapercebidas. Antes de desistir de uma ideia, valor ou projeto que lhe é importante devido ao julgamento de outros, antes de achar que o mundo tá cheio de gente ruim ou chata, antes de calar uma mensagem que poderia inspirar a outros, verifique se você tá se deixando levar pelas minorias barulhentas ou se tá prestando a devida atenção na maioria silenciosa.

ANTIFAS E TALIBÃS

2001: Talibãs destroem estátuas históricas de Buda no Afeganistão e são criticados pelo mundo todo.

2020: Antifas destroem estátuas históricas diversas nos EUA e em outros países ocidentais e são aplaudidos por muitos.

Será que tá na hora de se pedir desculpas aos Talibãs e reconhecer o direito deles de destruírem os símbolos de seus opressores históricos?

NOVO NORMAL

A doença do covid nunca será curada totalmente. Talvez surja uma vacina, mas, a maioria dos especialistas concordarão que ela não elimina 100% dos riscos e alguns cuidados adicionais continuarão sendo necessários. Talvez surjam remédios, mas, a maioria dos especialistas concordarão que nem todos os casos são curados, que o melhor é não pegar o vírus e alguns cuidados adicionais continuarão sendo necessários. Talvez, o problema do covid 19 seja totalmente resolvido, mas, enquanto isso, surgirão o covid 20, o 21, o 21B e assim por diante. Nunca nos livraremos das máscaras. Especialistas concordarão que elas são necessárias em vários relações interpessoais. Será o novo normal. Do mesmo modo que, depois do surgimento da aids, o uso da camisinha se tornou o novo normal em vários tipos de relações relações sexuais.

Os posts da categoria “Profecias” são pequenos chutes, digo, previsões que deixo aqui pra conferir no futuro. São só uma pequena brincadeira com a incerta arte da futurologia.

PROFISSIONAIS DE SAÚDE AMERICANOS DEFENDEM AGLOMERAÇÃO CONTA RACISMO

1288 profissionais de saúde pública, especialistas em doenças infecciosas e representantes de comunidades nos Estados Unidos publicaram uma carta aberta defendo a aglomeração durante a pandemia para protestar contra o racismo.

Algumas das recomendações da carta se destacam:

. “Apoiar os governos locais e estaduais na defesa do direito de protestar e permitir que os manifestantes se reúnam”.
. “Não dispersar os protestos sob o pretexto de manter a saúde pública por restrições à COVID-19”.
. “Defender que os manifestantes não sejam presos ou mantidos em espaços confinados, incluindo prisões ou vans da polícia, que são algumas das áreas de maior risco para transmissão COVID-19”.
. “Rejeitar as mensagens de que o uso de máscaras é motivado pelo desejo de ocultação e, em vez disso, celebrar rostos cobertos como proteção à saúde pública no contexto do COVID-19”.
. “Preparar-se para um número maior de infecções nos dias após um protesto. Proporcionar maior acesso para testar e cuidar de pessoas nas comunidades afetadas, especialmente quando elas ou suas famílias os membros se arriscam participando de protestos”.

De duas uma: Ou a causa que a pessoa defende a torna imune a contrair e transmitir o vírus; Ou estamos diante de um caso flagrante de dois pesos e duas medidas.

Goerge Orwell nunca foi tão atual. Viva o duplipensar.

Confie na ciência, eles disseram. A ciência está acima de partidos e ideologias, eles disseram.

Link para a carta original em inglês.

FATOS E NARRATIVAS

Conversinha interessante que tive com um amigo hoje.

. Amigo: os três países líderes no rank de morte por covid são governados pela direita (UK, US, Brasil).
. Eu: comparar números absolutos quando os países têm populações diferentes não tem sentido.
. Amigo: calcula aí os números proporcionais, então.
. Eu: Tá aqui um site que faz isso em tempo real (UK, 2o, US, 9o, Brasil, 13o).
. Amigo: esse índice é péssimo!

Conclusão: se os fatos não corroboram a narrativa, dane-se os fatos.

Obs: acho que os três referidos países estão lidando mal com a pandemia. Mas, priorizo a verdade antes das narrativas.